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Energia, água e extintores! Quais as lições o Varejo pode tirar desses casos?

Na semana passada, o governo federal chegou a conclusão que não seria mais necessário extintores do tipo ABC nos veículos automotivos que circulam no país, mesmo tendo disseminado campanhas intensas dizendo justamente o contrário durante um ano e meio, e sempre que podia, ameaçava os proprietários de automóveis com multas e até a retirada do veículo de circulação. Em 2013 foi a vez da energia elétrica, aproveitando a oportunidade de renoo governo rompeu os contratos, reduziu as tarifas e incentivou o consumo, mas se esqueceu de fazer um acordo com o cacique Cobra Coral. As chuvas não vieram e a realidade se impôs: os descontos viraram aumentos expressivos. E junto com a falta de energia, veio a falta d'água, e aqui nem era questão de preço, pois um bem essencial como a água paga-se o que for preciso, não é mesmo? E o que isso tem a ver com varejo? Simplesmente tudo!

 

Estes são apenas alguns exemplos de como a demanda ou a oferta podem ser afetadas por uma série interminável de fatores. E o varejo vive de fazer previsões, esse é o negócio do varejo uma vez que compramos para nossos clientes, e assim devemos prever o que eles consumirão. Só para citar exemplos, alguns clientes que militam no ramo da moda, estão neste exato momento comprando a coleção outono/inverno do ano que vem, e vários deles já estão recebendo a coleção primavera/verão que foi feita nos primeiros meses do ano de 2015. Esse exercício de futurologia que tenta prever a demanda que a loja terá para a nova coleção é extremamente delicado, pois se o varejista comprar menos, faltarão produtos e o faturamento poderá ser afetado, por outro lado, se carregar a mão e a demanda não vier, terminará com excesso de estoque e sérios problemas no fluxo de caixa. Mas como nossos compradores no varejo conseguem fazer essas previsões sem um modelo matemático sofisticado que leve em conta uma gama enorme de fatores que podem influenciar as demandas futuras?

 

Posso afirmar sem medo de errar, que os varejistas que mais acertam suas previsões são aqueles que mais interagem com os mercados fornecedores e consumidores. Aqueles que sempre estão participando de feiras e eventos, que não deixam de visitar os fornecedores e que sempre estão no chão de loja conversando e atendendo os clientes. Através destas interações, eles “pescam” as tendências e com uma habilidade que só se adquire com anos de experiência, fazem suas experimentações e com um faro raro, conseguem se antecipar às demandas.

 

E claro que se usarmos as novas tecnologias e colocarmos na mão destes varejistas um estudo bem elaborado apontando as tendências, esse estudo servirá para somar as suas percepções e gerar ainda mais confiança em suas previsões, ou por outro lado, poderá também alertá-los com um ponto de atenção para alguns fatores que lhes escaparam a análise. De qualquer maneira, no estágio em que se encontram os nossos modelos preditivos atualmente, podemos somente gerar mais insights e cenários do que realmente apontar o que irá acontecer.

 

Mas não é porque não conseguimos dizer com 100% de certeza o que irá acontecer, que não devemos nos planejar. É justamente por isso que devemos nos planejar e nos preparar para os mais diversos cenários e, após a escolha do cenário que acharmos mais factível para nossa operação, executar o plano da melhor maneira possível. É aqui que temos a grande pedra angular da operação de varejo, não adianta nada um bom planejamento sem um boa execução.

 

E mais importante que a execução é o tuning fino que podemos fazer ao planejamento na medida em que a execução avance e tenhamos mais e mais dados sendo incorporados e melhorando a nossa previsão inicial. Portanto, para nossos amigos varejistas que fizeram a previsão no começo do ano em um cenário econômico totalmente diferente do atual, resta apenas rever os modelos e perceber rapidamente o que terá que ser modificado para que sua loja não acabe, no final da estação, com excessos de estoques. Essa ação deve ser monitorada diariamente, loja a loja, centro de lucro a centro de lucro, fabricante a fabricante, para se evitar o pior cenário. Não adianta nada esperar o final da estação para tomar a decisão de mudar simplesmente porque pode ser tarde demais, isso tem que ser feito no decorrer da execução.

 

Agora vamos voltar ao início de nosso artigo, o que acontece quando surgem fatos que nenhum de nós mortais poderia prever? Esse parece ser o caso dos extintores de incêndio, verdadeiros cisnes negros em lagos de cisnes brancos. Não há nada que possamos fazer, a não ser adotarmos alguma posição de anti-fragilidade, como diria Nassim Taleb, ou seja, uma posição que nos deixe confortável se o pior vier e que nos dê muito retorno se o melhor acontecer. E qual é a posição mais anti-frágil no varejo? Simples, a que nos pede o menor investimento em estoques, pois quanto menor o estoque mais temos facilidade para nos adequar a qualquer situação. Por isso é importante mantermos o menor nível de estoque possível em nossas operações, pois quando nos depararmos com um evento não previsto, poderemos nos ajustar mais rapidamente quanto menores forem os valores que temos imobilizados em estoques. Isso parece lógico para você? Vamos pegar o exemplo de dois grandes varejistas que trabalham com auto-peças e que tenham os extintores de incêndio em suas linhas de produtos. Qual deles pode se ajustar mais rapidamente à nova legislação que não mais exige o uso dos extintores nos automóveis? Sim, aquele com menor estoque poderá rapidamente, cancelar suas as compras e ajustar os níveis do seu estoque a nova demanda que deverá ser bem menor.

 

Assim podemos concluir que para termos os menores níveis de estoque possíveis temos que primeiro ter uma excelente previsão de vendas; fazer reposições no estoque das lojas com os menores intervalos economicamente possíveis; fazer acordo com fornecedores que aceitem reduções ou aumentos de pedidos com alguma antecedência para que possamos ajustar a demanda rapidamente; otimizar a logística de recebimento e de transferência de produtos para as lojas e acompanhar sistematicamente toda a cadeia desde a compra até a efetiva venda, ajustando as variáveis que estão em movimento constantemente. Ou seja, não existe monotonia no varejo, é trabalho duro, sistemático e gestão o tempo todo!

 

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