O empresário Caito Maia traz na dinâmica dos números do seu negócio e no empreendedorismo do seu jeito de administrar a justificativa para o momento da sua empresa. Fundador e proprietário da marca Chilli Beans, Caito já contabiliza 600 lojas da marca, no Brasil e em diversos outros países. Ano passado, a empresa cresceu 20%.
E a estatística impressiona ainda mais ao ouvir Caito destacar que são lançados dez modelos de óculos por semana. Nesse ritmo, são cinco novos modelos de relógio semanais e ainda três óculos de grau.
A justificativa para apostar na dinâmica intensa de lançamentos vem do próprio empresário: “Essa é minha humilde visão do que será o varejo no futuro. Você vai comprar um terno bacana, bonito, com qualidade, por um preço totalmente viável porque daqui a três meses você quer passar na loja e comprar outro. Eu acho que o futuro do varejo é isso”, comenta Caito.
Mas qual a relação do empresário da Chilli Beans com o rockn’rol? Tudo. Isso porque Caito Maia é roqueiro assumido, foi morar nos Estados Unidos para estudar música e levava o sonho de fazer sucesso com a bada “Las Chicas tinen fuego”. Em solo norte-americano, para tentar melhorar a renda vendia óculo que comprava na Califórnia. O que ele não imaginava era que viria dessa atividade seu grande negócio.
O gosto pelo rock está impregnado na atividade comercial. Caito denomina de “turnê” o roteiro que faz percorrendo os pontos de venda da marca por todo país. A convenção anual da empresa ele chama de “show”. São significativos entrelaçamentos do rock com o empresário de sucesso. “A sensibilidade, o amor pela música eu transfiro para Chilli Beans”, comenta.
Com vocês, Caito Maia:
Para você ter ideia, a gente virou a maior marca de óculos da América Latina. Chilli Beans é líder de mercado, segundo lugar está a Rayban e terceiro está a Oklay. A gente, graças a Deus, no último ano em especial não foi bom para o varejo, para o comércio, mas a gente cresceu 20% ano passado. São quase 600 lojas no mundo inteiro. Estou lhe falando isso para dizer que isso acontece (o crescimento) porque a gente está junto com o ponto de venda. A gente lança as coisas. São dez modelos de óculos que lançamos toda semana. E cinco relógios novos e três óculos de grau são lançados toda semana.
Desde que eu nasci. É uma loucura. A gente lança quase 500 modelos de óculos escuros por ano. Você tem uma história, tem que estar em contato com o ponto de venda. É no ponto de venda que você vê erros, faz ajustes e muda rápido as coisas no meio do jogo. Preço que está um pouco abaixo, um pouco acima, falta de posicionamento de mercado que você pode mudar. O varejo, se não tiver rapidez, velocidade, você dança muito. A gente sente que tem empresas que demoram para tomar decisão e aí perdem o jogo.
Eu produzo 25% no Brasil e 75% na China. China hoje é o lugar disparado de qualidade. Eu faço óculos de ouro, lancei o modelo do Alexandre Hercovitch de ouro, foi um recorde de vendas da nossa empresa.
Enquanto eu tiver essa disposição e essa saúde será assim. Eu coloco meus diretores todos em um aviãozinho e vai todo mundo. Aqui para Natal trouxe três diretores e quatro gerentes. A gente credita o sucesso a esse contato e essa proximidade que a gente tem no ponto de venda. E outra coisa: você ter o ouvidinho aberto para escutar o que está no ponto de venda e executar.
Só confirmando o que você está dizendo, as outras marcas lançam duas coleções por ano. A gente lança dez por semana. É muito pouco. As pessoas piram nisso. Estamos com 50 lojas fora do Brasil e eu concedo muita entrevista fora do Brasil e quando eu falo esses números de lançamento, as pessoas dizem: não é possível. É como se fosse um exercício. Tem uma coisa mais radical ainda do que estou falando. Veja, a gente lança dez modelos a cada semana. A cada dois meses eu lanço um mundo novo, um tema novo. Criação nossa, do meu time. Por exemplo, março e abril lançamos uma coleção com Lenny Kravitz. Ele é músico e ainda designer. Ele desenha hotel, desenha móveis e desenha óculos para Chilli Beans. Lancei na Rede Globo em rede nacional o Manto Sagrado, que foi uma coleção em homenagem a Copa do Mundo. É muito mais do que óculos. Essa loucura de formação, de história.
Com certeza. A cadeia inteira. Para você ter idéia, a gente recebe na quinta ou na sexta-feira, eu tenho cliente que já está acostumado e na quinta ou sexta ele vai nas lojas. Os meus vendedores ficam enlouquecidos porque querem abrir as caixas para ver os modelos novos. Você mantém uma cadeia viva. A coisa é muito mais dinâmica do que parece.
Você está certíssima. Essa é minha humilde visão do que será o varejo no futuro. Você vai comprar um terno bacana, bonito, com qualidade, por um preço totalmente viável porque daqui a três meses você quer passar na loja e comprar outro. Eu acho que o futuro do varejo é isso. As grandes marcas do mundo elas fazem isso. Zara, H&M, é essa a visão nossa também de mercado. Essa é a visão que vai acontecer. Esse dinamismo. Você não precisa ser caro para ser bacana. Mas a gente entrega com qualidade. Eu tenho óculos feitos a mão, óculos de ouro. Mas você não precisa ser caro. Mas existem as outras marcas que acham que podem cobrar e colocar margens absurdas e vender por um preço que é uma fortuna. Eu não concordo com isso. Eu prefiro que você compre três óculos do que um óculos.
Sim porque elas são no mesmo segmento que eu e no mesmo modelo. Não porque eu vou lhe falar quem são meus concorrentes hoje. Meus concorrentes hoje são todos os que estão no shopping e vendem no mesmo tíquete médio que eu. Então, por exemplo, meu tíquete médio hoje é de R$ 192. Por exemplo, marca de tênis que está vendendo esse preço é meu concorrente, roupa que está vendendo esse preço é meu concorrente. A partir do momento que eu passei essa visão para o meu time, todo mundo que entra no shopping é nosso cliente. Porque a minha compra é de impulso. O cara não sai pela manhã pensando: preciso comprar um óculos escuro. Ele vai no shopping e o que está dentro do tíquete médio dele, que ele acha que pode comprar, o que chamar atenção dele, ganha o jogo. Esse é o meu concorrente de verdade. O tênis, uma blusa, uma jóia é meu concorrente porque estamos falando do mesmo tíquete médio.
Dá um sustinho. Honestamente nem penso onde chegou e onde pode chegar. Uma coisa interessante é que abrimos 600 lojas em 12 anos. Meu estudo é música, fiz faculdade de música, não fiz administração de empresa. Eu não terminei Música, fiz até a metade em Boston. Isso me assusta o tamanho que chegou (a empresa), mas o mais legal e o que me dá friozinho na barriga é porque fechamos negócio nos últimos dois anos, fora do país, que vão resultar nos próximos três anos em 250 lojas fora do Brasil. Nosso objetivo é que nos próximos quatro anos chegar a 1.200 lojas e quase 300 serão fora do Brasil.
Constantemente estamos passando por momentos difíceis. Somos auditados pela Ernest Young já fazem cinco anos. De louco, eu só tenho a cara, sou um grande medroso, coloco a bola no chão, é tudo certinho. Temos preocupação muito grande com a gestão.
Eu tinha uma loja em uma galeria, na hora que o shopping Vila Lobos me deu a primeira oportunidade, eu não tinha dinheiro para abrir uma loja, mas abri um quiosque. Esse foi o pulo do gato, o negócio explodiu. O quiosque continua sendo um negócio maravilhoso. Dos 600 pontos de venda, 350 são quiosques.
Pela visibilidade, você não paga ponto. O quiosque é mais vantagem porque o custo de um quiosque é R$ 25 mil, numa loja R$ 130 mil. Mas o legal da história é que você entra com quiosque, você entende o shopping e na hora que você for comprar a loja, você já sabe o melhor lugar do shopping. O quiosque lhe dar um capital de giro para você colocar sua loja. O mais interessante é que quando você vai abrir a loja, você não fecha o quiosque. Há muitas marcas que você acha que é grande tem 60 lojas, eu tenho 600 lojas.
Tudo. Por exemplo, o que estou fazendo aqui (percorrendo as lojas de todo país) eu chamo de turnê. Não tem jeito. A sensibilidade, o amor pela música eu transfiro para Chilli Beans. O jeito que a gente faz, como se posiciona, como faz as ações. A convenção que eu faço da marca eu chamo de show. A gente tem uma veia de música que eu transfiro para o negócio.
O que você quer encontrar?